Você já dirigiu um carro em uma estrada estreita e sinuosa durante uma noite cheia de neblina, talvez em uma floresta ou nas montanhas, sem os faróis de outros carros ou luzes de prédios ao seu redor? Talvez a estrada nem tivesse marcações rodoviárias claramente visíveis, dificultando ainda mais a orientação. Provavelmente, estava escuro como breu, você ficou cego pelo reflexo dos faróis do seu próprio carro e não conseguia ver onde a estrada começava e onde terminava. Muito provavelmente, você não se sentiu confortável, teve que se concentrar, se sentiu estressado e só conseguiu dirigir muito devagar e com cuidado. Sem visibilidade clara, mover-se a toda velocidade tornava-se difícil e perigoso.
Isso vale para o mundo dos negócios. As organizações que têm melhor visibilidade de todos os principais fatores que afetam seus negócios podem se mover mais rapidamente do que a concorrência. Por muitos anos, foi suficiente ficar de olho em todos os fatores financeiros. No entanto, com a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP26 em Glasgow, em out-nov de 2021, foram apresentados claramente, os KPIs relacionados a tríade Meio Ambiente, Social e Governança (ESG) que se tornou parte da “licença para operar” para as empresas.
Como empresa, pode-se facilmente perder-se na “névoa” criada pela “sopa de letrinhas” dos padrões de sustentabilidade e das expectativas dos stakeholders. Muitas pessoas ainda se confundem com as inúmeras siglas como GRI, WRI, GHG Protocol, TCFD, SASB, WBCSD, WEF, CDSB, CDP, IIRC, VBA, etc. O anúncio da formação do International Sustainability Standards Board (ISSB) pela International Financial Reporting Standards Foundation (IFRS) durante a COP26 dá esperança de que os relatórios relacionados à sustentabilidade e os padrões contábeis convergirão com o tempo. A UE partilhou o seu apoio ao anúncio do ISSB juntamente com o EFRAG (European Financial Reporting Advisory Group), uma vez que está intimamente relacionado com a Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD), que será obrigatória e vinculativa para as empresas na UE. No entanto, muitas organizações pelo mundo buscarão ficar por dentro de todas as mudanças e avanços futuros.
Todas as notícias e anúncios em torno da COP26, mostraram claramente que o escopo geral está se ampliando. Obviamente, as emissões de gases de efeito estufa e seus efeitos sobre as mudanças climáticas estão na mente de todos. Os líderes mundiais também prometeram acabar com o desmatamento até 2030, o que acrescentou outro tópico de foco relacionado à sustentabilidade. A mudança para modelos de negócios de economia circular foi outro tópico importante durante a COP26, pois o aumento das taxas de reutilização e reciclagem ajuda a reduzir as emissões e os resíduos plásticos.
No passado, fazer relatórios anuais de ESG (Environment, Susteinability and Governance) em uma base ad hoc, usando um processo manual de criação de planilhas, pode ter sido suficiente. No entanto, com o número de stakeholders (investidores, governos, consumidores, funcionários etc.), cada vez mais crescente, solicitando e exigindo dados de sustentabilidade atualizados, torna mais complexa e árdua a preparação de relatórios relacionados ao ESG. Cada vez mais, as organizações solicitarão a seus fornecedores dados detalhados de sustentabilidade, que têm efeitos upstream e downstream, atingindo até as pequenas empresas. Além disso, a amplitude e a profundidade das informações exigidas crescem constantemente com cada dimensão de sustentabilidade sendo adicionada e o espaço de sustentabilidade geral avançando. Assim, fica mais difícil ficar em linha com os assuntos relacionados ao ESG.
BENEFÍCIOS ESG
Mais uma vez, as organizações com uma boa pontuação ESG são vistas com bons olhos pelos investidores devido aos benefícios financeiros que o ESG traz. De acordo com a McKinsey and Company, existem 5 principais benefícios financeiros associados ao ESG. Estes são os seguintes:
- Redução de custos: a execução eficaz do ESG ajuda a combater o aumento das despesas operacionais, como os custos de matérias-primas. Descobriu-se que essas reduções de custos promovidos pelas ações de ESG aumentam os lucros operacionais em até 60%.
- Crescimento de primeira linha: Um forte desempenho do ESG permite que as organizações explorem novos mercados e se expandam nos existentes. Órgãos governamentais são mais propensos a confiar em corporações com fortes métricas ESG.
- Intervenções regulatórias e legais mínimas: a força do ESG reduz o risco de ações governamentais adversas. Algumas análises demonstram que normalmente ⅓ dos lucros de uma empresa estão em risco de intervenção por não conformidade.
- Maior produtividade dos funcionários: uma forte proposta ESG ajuda as organizações a atrair e reter funcionários de qualidade. Também aumenta a motivação dos funcionários, fornecendo um senso de propósito. A satisfação dos funcionários é positivamente associada ao retorno dos acionistas.
- Investimentos e despesas de capital adequados: Proposições fortes de ESG podem evitar investimentos irrecuperáveis que não compensam a longo prazo devido a mudanças regulatórias e de mercado.
Em 2025, os ativos financeiros associados aos critérios de ESG deverão superar US$ 53 trilhões, o que representa mais de um terço do total de US$ 140 trilhões que são administrados no mundo. A estimativa foi feita pela Bloomberg Inteligence (BI), a divisão de pesquisas da Bloomberg. De acordo com a análise, o crescimento dos investimentos em ESG é uma tendência dos últimos anos: os ativos passaram de US$ 22,8 trilhões em 2016 para US$ 30,6 trilhões em 2018. No entanto, apesar do grande aumento nos investimentos ESG, ainda existem alguns problemas quando se trata da coleta de dados de ESG. Em uma pesquisa da BlackRock 53% dos entrevistados citaram preocupações com a “baixa qualidade ou disponibilidade de dados para análises de ESG” como sua maior barreira para a adoção de investimentos sustentáveis.
DESAFIOS PARA AS EMPRESAS
A captura e o gerenciamento de dados ESG representam um desafio para muitas organizações. Métricas ambientais, sociais e de governança, como indicadores de carbono, energia, resíduos, água e sociais, podem ser difíceis de rastrear e relatar, o que torna difícil atender aos requisitos de conformidade e de relatórios, que coloca em risco a reputação de uma organização.
Os relatórios ESG são desafiadores porque:
- Os dados ficam presos em silos em toda a empresa ou mantidos em planilhas, o que dificulta a consolidação para geração de relatórios e tomada de decisões.
- A qualidade dos dados é inconsistente e não confiável. Os relatórios de classificação financeira exigem confiança nos dados e capacidade de auditoria em cada etapa do processo.
- O tempo e o custo para relatar o desempenho de sustentabilidade são altos. Dados inacessíveis e de baixa qualidade levam a desperdício de tempo e esforço.
- O desempenho contínuo é mal compreendido. Sem acesso a dados consolidados e precisos, é difícil monitorar e gerenciar seu desempenho e acompanhar a eficácia das iniciativas de melhoria.
As empresas devem fazer da eficiência energética a base de seu compromisso em lidar com as mudanças climáticas, porque ela pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e os custos de energia.
Para colher o potencial de economia da eficiência energética, as empresas devem definir metas específicas de eficiência; buscar oportunidades de eficiência energética em suas instalações, sistemas de transporte e cadeias de valor; implantar e usar continuamente a gestão estratégica de energia; e gerar relatórios sobre medidas de eficiência energética e o progresso no cumprimento das metas do ESG.
Além dos dados sobre eficiência energética outros são necessários para se calcular as métricas de sustentabilidade e geralmente residem em processos de negócios gerenciados pelos ERPs das empresas. Sendo assim, a oferta de suporte direto para várias soluções de ERP e a facilidade para integração das principais fontes de dados, é condição fundamental para qualquer solução que pretenda simplificar drasticamente o cálculo contínuo de métricas de sustentabilidade de acordo com os padrões estabelecidos para os relatórios ESG. Como consequência da integração de diversas fontes de dados os KPIs de sustentabilidade podem ser obtidos com maior facilidade e devem ser atualizados instantaneamente sempre quando novos dados são inseridos ou são atualizados em suas respectivas fontes.